sábado, 26 de junho de 2010

Candidatura de Osmar ainda é mistério


*Osmar Dias, o indeciso, o indefinido, talvez independente


O impasse é o irmão Álvaro Dias que foi chamado para ser vice de Serra


Se o objetivo dos Dias foi alcançar mídia, objetivo alcançado. O candidato ao Governo, Beto Richa, (PSDB) perdeu destaque nos veículos de comunicação por conta da novela criada pelo senador Osmar Dias (PDT), pré-candidato ao Governo do Paraná e também à reeleição ao Senado Federal.
Osmar está oscilando para concorrer aos dois cargos. Foi vetado pelo partido de fazer qualquer tipo de aliança com os tucanos e, com isso, sair à reeleição para o Senado, apoiando Beto Richa. O PDT quer que ele se candidate ao Governo, coligado com o PT e o PMDB. Osmar, por sua vez, queria que Gleisi Hoffman fosse sua vice e que Orlando Pessuti desistisse de se candidatar à reeleição. Realizou apenas a segunda vontade.
Gleisi não será vice e Pessuti exigiu maioria na proporcional. Até então, estava tudo “quase” acertado e a aliança PT-PMDB-PDT teria Osmar para governador, um vice do PMDB, como queria Pessuti, e dois senadores, Gleisi Hoffman do PT e o ex-governador peemedebista Roberto Requião.
Tudo isso até o campo político invadir o campo familiar, quando o senador Álvaro Dias se disse convocado a compor a chapa de José Serra como candidato a vice-presidência. No discurso, os dois irmãos afirmaram por diversas vezes que não concorreriam juntos nas urnas, portanto, a possibilidade de Osmar Dias voltar a ser candidato ao Senado, então numa composição com o PSC e o PR, é muito grande.
CONCORRÊNCIA- Os irmãos, diretamente, não teriam confronto nas urnas. Acontece que a aliança PT-PMDB-PDT no Paraná, encabeçada justamente por Osmar Dias, serviria para dar palanque para a candidata do PT à presidência, Dilma Roussef, adversária direta de Serra e, logo, de seu possível vice, Álvaro Dias. Os irmãos, então, se tornariam oposição.
Com essas idas e vindas, atualizadas a todo momento no micro-blog Twitter, Osmar Dias tem grandes chances de ter uma candidatura neutra ao Senado junto com o PSC e o PR e abre novamente a possibilidade de Orlando Pessuti lutar pela reeleição numa aliança entre PMDB e tão somente com o PT.
Neste domingo (27) acontecem as convenções do PT e do PMDB, ainda com a indefinição de Osmar Dias (PDT). O prazo para a decisão final é quarta-feira (30). Até lá, a probabilidade de não haver conclusão, nem ao menos nas convenções deste domingo, é grande. (MR).

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vale a pena ver esse artigo depois de lançada a campanha "Dia sem Globo" no Twitter

SERÁ que o HOMER vai aderir ao "Dia sem Globo"?
DE BONNER PARA HOMER


Por Laurindo Lalo Leal Filho*


O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal NacionalEle é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cervejaNa reunião matinal, é Bonner quem decide o que vai ou não para o ar Pauta.A decisão do juiz Livingsthon Machado, de soltar presos, é considerada coisa de loucoPerplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro.Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã e do Santos Dumont uma van os levou ao Jardim Botânico.A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático bom-dia , Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento.A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson. Essa o Homer não vai entender , diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, o telespectador brasileiro médio não compreenderia.Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos atender ao Homer , passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinadas editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior, ainda ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas praças (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio e depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.A primeira reportagem oferecida pela praça de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da oferta jornalística informa que a empresa venezuelana, que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível para serem vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano . Uma notícia de impacto social e político.O editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia imprópria para o jornal. E segue em frente.Na seqüência, entre uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela praça de Belo Horizonte. Em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. Esse juiz é um louco , chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil. A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência.Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês matéria oferecida por São Paulo , o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão. Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS , ouve-se. E sobre os grevistas? Nada.De Brasília é oferecida uma reportagem sobre a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública . Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.Encerrada a reunião segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT. Pelo menos é o que dizem os números do Ibope.E no almoço, antes da sobremesa, chega o espelho do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, espelho é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá os professores continuam ouvindo inúmeras referências ao Homer. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.* Sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP
Se vc se considera um homer simpson, o jornal nacional é o seu principal canal de informação.


*A imagem foi retirada do blog http://intensivo.wordpress.com/