quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Futuro César Cielo pode sair das piscinas de Telêmaco Borba


Bruno Speltz, de 10 anos, está entre os 10 melhores do sul do Brasil


Gustavo Borges, Cesar Cielo, Michael Phelps. Quem sabe daqui alguns anos, Bruno Speltz. Poderá sair das piscinas dos Campos Gerais, precisamente de Telêmaco Borba e Ponta Grossa, cidades onde atualmente treina, mais um grande nadador brasileiro. Hoje ele tem apenas 10 anos, mas com rotina de campeão. Nada diariamente duas horas, em média quatro mil metros, o que seria de segunda a sexta-feira o equivalente a 20 quilômetros nadados, além de caminhadas e exercícios de resistência.


Em Telêmaco Borba, ele nada na Academia Corpo e Água, sob as orientações da professora Eloisa Moura, que é só orgulho do aluno. “O Bruno é fera, vejo nele um grande campeão”. Em Ponta Grossa, onde nada pelo menos duas vezes por semana, treina na Academia Esporte Total. Lá quem cuida de Bruno é a professora Walquiria Mryczka, que foi quem levou o garoto para as competições.


Ao todo, Bruno tem cerca de 70 medalhas, incluindo a do Campeonato Estadual de Natação de Verão em Foz do Iguaçu, Campeonato Estadual de Natação em Paranaguá e o Festival Inter Academias de Curitiba. Neste Festival, são cinco etapas, onde se somam os pontos de cada um. É nessa competição que Bruno Speltz está em primeiro lugar entre os atletas de 10 e 11 anos no nado livre 25 metros.


Entre os nadadores do sul do Brasil, Bruno está entre os 10. O dado pode ser conferido no ranking Top 10 do site oficial de natação Swimming, nos 200 metros Medley, que compreende os quatro estilos da natação: crawl, costas, peito e borboleta. Bruno também está entre os melhores do Paraná nos nados peito e livre.


O ESPORTE LEVADO A SÉRIO- Apesar da pouca idade, Bruno sabe de suas responsabilidades. Gosta da prática do esporte, porém mantém também outras atividades. Em Ponta Grossa, quando estudou no Colégio Marista, praticou futsal, judô, vôlei, xadrez, handebol, basquete, tênis de campo e, claro, natação. Familiares chegam a perguntar se Bruno não se dedica muito a atividades esportivas e ele responde: “não sei o que seria da minha vida sem o esporte”.
E para quem pensa que praticar esporte é sinônimo de pouca atenção aos estudos, pelo menos com Bruno é diferente. Hoje ele estuda no Colégio Positivo de Telêmaco Borba. Gosta muito de ler e já ganhou prêmio de melhor leitor da biblioteca do Colégio Marista quando lá estudou. Atualmente, a natação ocupa mais seu tempo do que antes, mas ainda realiza aulas de violão, inglês e faz catequese. Mas Bruno ainda guarda tempo para mais atividades. Nas horas vagas ele anda de bicicleta, joga vídeo game e coleciona carrinhos.


ALIMENTAÇAO- Para nadar duas horas por dia de segunda a sexta-feira, Bruno come verduras, legumes, frutas, carboidratos e carnes magras. Não toma refrigerante e come doces apenas esporadicamente. Segundo a mãe, Silvana Speltz, o filho já tem consciência sobre a importância da alimentação balanceada na vida de um atleta.


FUTURO- Tudo bem que Bruno tem apenas 10 anos, mas já alimenta sonhos como toda criança para seu futuro. O atleta quer ser médico, porém continuar nadando. “Se eu pudesse ser médico e nadar ao mesmo seria muito legal”, disse Bruno. Hoje ele quer continuar treinando e gostaria de viver num grande centro na busca de maiores possibilidades de aperfeiçoamento.


Seus inspiradores são hoje Cesar Cielo, Gustavo Borges e Fernando Scherer, o Xuxa, todos brasileiros destaque na natação mundial. Apoio para continuar nadando Bruno tem de sobra, o pai Rael Speltz, que praticou natação por vários anos e a mãe Silvana, que também é encarregada de levar Bruno para todos os cantos cumprir suas atividades.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Carlos Hugo, 87 anos, ainda não deixou a política


Matéria publicada em 17 de agosto de 2009


Carlos Hugo falou pela primeira vez após as eleições de 2008. Ele foi quatro vezes prefeito de Telêmaco Borba

     O ex-prefeito Carlos Hugo Wolff Von Graffen afirma estar analisando friamente a possibilidade de uma candidatura em 2010 para concorrer a uma vaga à Assembleia Legislativa do Paraná ou à Câmara Federal devido ao resultado da última campanha eleitoral em que o ex-prefeito perdeu a eleição para Eros Araújo. “Esta campanha passada me deu uma lição que infelizmente não me agradou. Eu vi que no Brasil as coisas não são muito direitas e Telêmaco não deixa de estar dentro do território nacional e segue a mesma linha”, disse Carlos Hugo, pois, segundo ele, há poucos dias das eleições estava em primeiro lugar nas pesquisas.
     Sobre uma candidatura para deputado e de qual seria seu desempenho como legislador o ex-prefeito foi enfático. “Eu tenho a impressão de que fui um bom prefeito e logicamente seria também um bom deputado. Eu sei como organizar as coisas e como conseguir opiniões do próprio povo e atender suas solicitações. Administrar eu sei, isso está provado”, afirmou.


    Carlos Hugo ainda está na ativa. Afirmou que pretende colocar mais um setor de atividade na indústria madeireira. Seria uma indústria de imóveis e madeira beneficiada em grande escala.
O ex-prefeito também fez uma análise em relação a economia local e continuou no assunto madeira. Para ele, nos próximos quatro meses Telêmaco Borba poderá sofrer uma grande crise devido ao fechamento de inúmeras madeireiras e dos desempregados que já terão recebido toda a parcela do salário desemprego. Carlos Hugo disse que tinha a solução, “mas o povo não quis”. O ex-prefeito afirmou que tinha um combinado com a multinacional Swiss Group of Companies e que esta empresa faria a intermediação da venda da madeira de Telêmaco Borba para Europa. “Seria a solução, mas agora teremos uma enorme crise”, concluiu.


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“Eu tenho a impressão de que fui um bom prefeito e logicamente seria também um bom deputado. Eu sei como organizar as coisas e como conseguir opiniões do próprio povo e atender suas solicitações. Administrar eu sei, isso está provado”

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O halterofilista para-atleta Marcos Alves Camilo: um exemplo de vida a ser seguido


Camilo se esforça para chegar bem preparado ao Campeonato Brasileiro


O telemacoborbense está classificado para competir o Campeonato Brasileiro de halterofilismo


Uma história de superação. Marcos Alves Camilo é paraplégico há apenas três anos e meio e, o que para muitos é motivo de não conformação e da perda do gosto pela vida, para ele foi um renascimento. Apenas aprendeu a viver de forma diferente e a usufruir do que a sua nova vida lhe trouxe.


Camilo, como é chamado no cenário esportivo, está no momento classificado para o Campeonato Brasileiro Paraolímpico de Halterofilismo, que acontece no dia 11 de setembro em Fortaleza, no Ceará. Ele tem 35 anos, 63 quilos, 1, 78 m de altura e disputará na categoria dos que pesam até 67 quilos e meio. Sua meta é perder ainda mais três quilos para disputar na categoria dos que pesam até 60. Camilo considera difícil perder esse peso porque, afinal de contas, para um para-atleta seriam necessários exercícios aeróbicos, esporte que Camilo não pode realizar devido a deficiência; e o cuidado com a alimentação. “Para mim é muito difícil porque tenho 1, 78 m de altura, não há muito mais o que perder se for levado em conta o meu Índice de Massa Corporal (IMC)”, explicou. O para-atleta acredita que seria mais fácil competir na categoria de 60 quilos para se equivaler com seus adversários na força. Ele explicou que a dificuldade no esporte que pratica está no fato de que não é levado em conta a lesão ou a patologia de cada para-atleta, mas sim o seu peso. Um usuário de muletas, com muito mais condições físicas que um cadeirante ou um cadeirante que já nasceu com a doença, tem muito mais resistência que alguém como ele, que tinha outro ritmo de vida e se tornou paraplégico depois.


Para o halterofilista, no entanto, a meta para esse ano já foi alcançada, que era a de se classificar para o Campeonato Brasileiro, uma vez que Camilo é iniciante e nunca havia conquistado títulos. “Tudo para mim é muito novo, mas já tenho pretensões de me classificar para a Paraolimpíada que acontece em Londres, em 2014, mas para isso, terei muito tempo de treinamento para adquirir força”, ressaltou. Se for depender da força de vontade demonstrada por Camilo, Telêmaco Borba tem grandes chances de ter um representante lá fora daqui cinco anos.


Camilo, apesar de morar em Telêmaco Borba, não disputa títulos pela Federação Paranaense, mas sim pela Federação do Rio Grande do Norte. Segundo ele, logo que foi internado no Hospital Sarah Kubitscheck, em Brasília, teve uma grande proximidade com os para-atletas da região do Nordeste. Lá estão os maiores campeões brasileiros e competidores que já estiveram em paraolimpíadas.

O lema de Camilo é: “A vida não para”


Camilo e a mãe no dia de sua formatura em técnico em segurança do trabalho


Para Camilo, sua vida começou novamente após o acidente de motocicleta que ele sofreu em novembro de 2005, há cerca de três anos e meio. Nessa data, faltavam apenas 20 dias para que suas aulas terminassem no curso de técnico em segurança do trabalho. Essa foi a primeira mostra da sua superação. Camilo roubara a cena ao entrar na cerimônia no dia de sua colação de grau. Entrou de cadeira de rodas e de cabeça erguida. A reação dos formandos, familiares e do público foi de emoção e de congratulações intermináveis.


Durante a entrevista, foi perguntando a Camilo como foi a superação inicial da perda dos movimentos das pernas. Em nenhum momento ele fala da dificuldade de aceitação ou de tristeza, mas sim de como se adaptou a sua nova condição de vida. “No começo tudo é difícil, mas logo aprendi a me virar: a me transferir da cadeira ao carro, da cadeira para cama, a tomar banho”. Tudo para ele foi questão de se adaptar e poder encontrar o que fazer; é hiperativo, nunca conseguiu parar quieto e a paralisia não mudou essas características.


Logo que se mudou para Brasília para fazer tratamento no Hospital Sarah Kubitschek os fisioterapeutas se impressionaram com Camilo, pois praticamente tudo que os profissionais ensinavam ele já sabia, tanto é que logo que Camilo demonstrou aptidão para o halterofilismo foi incitado a participar de competições e agora já está classificado para disputar o Campeonato Brasileiro.


Alguns esportes e atividades Camilo já não pode mais praticar, como o futebol, que era um esporte que ele gostava, idas à praia, a uma cachoeira, principalmente a última, que é muito mais complexa por comumente estar em locais de difícil acesso. Mas o halterofilista ainda é ousado. Está tentando, junto com alguns amigos, programar um rapel de cadeirantes. “Estamos estudando, mas ainda não sabemos se isso é possível”.


A mãe, Maria de Lurdes Camilo, é só orgulho do filho. Fica admirada e ao mesmo tempo satisfeita de ver a sua esperteza. “Eu nunca vi ele pra baixo, é meu exemplo de vida. E isso supera tudo”, disse a mãe. Dona Lurdes ainda comentou que pra nada seu filho para, inclusive para namorar. “Pelo que sei a última namorada é de Minas Gerais”, comentou. Camilo negou e afirmou que está solteiro e que é história da mãe.

Vida de modelo


Camilo em um de seus trabalhos com Rivaldo Rezende

Além de para-atleta, Marcos Alves Camilo, é modelo fotográfico. Realiza trabalhos com o fotógrafo de Telêmaco Borba, Rivaldo Rezende, e está na mira da fotógrafa Kika de Castro, de São Paulo, que já o agenciou, mas ainda aguarda sua ida à capital paulista para que faça um book. Segundo ele, Kika o viu em um site de relacionamentos da internet e afirmou que após a realização do book ele terá trabalho. “Ela disse que eu vou fazer sucesso, vamos ver. Quando mais jovem eu já fotografava, mas nunca fiz isso profissionalmente”, revelou.
Kika de Castro trabalha para a Folha on line e realiza trabalhos com modelos cadeirantes.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

CLUBE RIDAN SAÚDE







Como havia comentado, também colocaria aqui trabalhos institucionais. Esse foi o folder idealizado. Para saber mais do conteúdo, basta clicar e saber dos benefícios que o Clube Ridan Saúde proporciona. A produção ficou por minha conta e de uma agência de publicidade parceira.
O folder é em formato livro, frente e verso. Podem fazer suas considerações; afinal a amplitude da comunicação institucional é vasta! (redundante?)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O quase prefeito de Telêmaco Borba Gilberto Stremmel


Já foi quase prefeito nos anos 80, secretário municipal de Saúde e um dos professores mais elogiados da cidade pela sua inteligência e capacidade de transferir seu conhecimento com precisão aos seus alunos. Nessa atividade, para a perda da comunidade escolar, já é aposentado. É graduado em geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e especialista em supervisão escolar, além técnico em contabilidade. Hoje, com 62 anos, é diretor da 21ª Regional de Saúde. No Paraná são 22 Regionais. Bastante respeitado pelas suas ações e pela transparência com que rege a coisa pública, Gilberto Stremmel é casado com Sirlene Stremmel e pai de quatro filhos, Gilberto Júnior, Gilson Roberto, Patrícia e Daniele.
Márcio Rodrigo: O que o fez vir para Telêmaco Borba?
Gilberto Stremmel: Bom, já tenho 36 anos de Telêmaco Borba, vim para dar aulas no Colégio Estadual Wollff Klabin, aulas de geografia, estudos sociais, organização social e política do Brasil e educação moral e cívica. Cheguei em julho de 1973, já na metade do ano. O ano letivo havia se iniciado em fevereiro e como foi em 1973 que verdadeiramente se instalou a reforma da educação, naquela época muitos professores deixaram a sala de aula para assumir a coordenação das áreas de estudo. Por essa razão, aconteceu a vacância de minha área de formação, que é geografia, e de outras disciplinas. Como fiquei sabendo dessas aulas, optei por deixar meu emprego de escriturário na Companhia Antártica Paulista, em Ponta Grossa, para trabalhar na minha área de atuação, pois tinha recém-formado em geografia pela UEPG.
MR: E já veio com a família?
GS: Casado e com três filhos. A caçula nasceu aqui em 1974. Mas hoje Marcio, me considero daqui, praticamente um telemacoborbense, tenho 62 e cheguei com 26 anos, sou mais de Telêmaco Borba do que de Ponta Grossa.
MR: Uma curiosidade, de onde vem tanto conhecimento, explanado por seus ex- alunos e em cada oportunidade que o senhor tem de discursar?
GS: Leio bastante, sou muito curioso, fui secretário na Saúde sem ser formado na área da saúde, mas na época o prefeito Carlos Hugo me convidou para administrar, porém como administrador não há essa obrigatoriedade e, posteriormente, já aposentado do magistério, ocupei e ainda ocupo a direção da Regional de Saúde. Tudo que eu não sei eu vou atrás. A minha atuação na Regional é, claro, devido a uma indicação política, porém meu trabalho é administrativo.
MR: Como o senhor consegue separar a questão técnica da Regional da política?
GS: A nomeação é como agente político partidário, sou do PMDB, mas no exercício do s cargos faço preponderar outra política: a política da educação quando fui professor, diretor de colégios, professor da UEPG e do Colégio Positivo. Agora, na saúde, prevalece a política da saúde e não a partidária. A minha política é voltada para aquela área de atuação. Eu não misturo.
MR: O senhor já foi secretário municipal, diretor de escolas e professor. Qual a diferença em assumir um posto que envolve não só uma cidade como é o caso da Regional de Saúde, que abrange sete municípios, mais ligada ao secretário de Estado da Saúde?
GS: É o tamanho do trabalho, a abrangência de sete municípios. Temos que dar atenção a todas nossas cidades jurisdicionadas. Nós não somos executores, somos assessores e orientadores. Na Secretaria de Saúde trabalhei com execução, através dos planos municipais de saúde, das conferências do âmbito local e nas decisões que são tomadas em deliberação pelos conselhos. É bem diferente a tarefa, ao mesmo tempo que eu sempre afirmei que aquela passagem de dois anos e meio na Secretaria me ajudou muito para atuar na Regional de Saúde, cargo eminentemente de confiança do governador, indicado pelo diretório municipal do PMDB.
MR: Com a sua experiência, nunca quis deixar Telêmaco Borba para assumir funções maiores?
GS: Até que já houve uma sondagem anterior quando eu era professor para trabalhar em Curitiba, mas devido aos meus compromissos familiares, senti que aquele momento deixaria um vazio familiar pendente no período em que meus filhos mais precisavam da presença do pai em casa, e nós sempre partimos do princípio de que o casal promoveria a educação dos filhos e assim foi. Pensei muito mais no compromisso familiar do que numa possível promoção profissional naquele momento, mas não me arrependo , aliás eu agradeço esse meu conhecimento profissional local aos meus alunos, a comunidade de Telêmaco Borba onde me sinto muito feliz, até me considero um telemacoborbense da gema, quando nasci meu cordão umbilical ficou enterrado em Ponta Grossa, mas o que sobrou do meu cordão será enterrado aqui, eu amo Telêmaco Borba.


"(...) quando nasci meu cordão umbilical ficou enterrado em Ponta Grossa, mas o que sobrou do meu cordão será enterrado aqui, eu amo Telêmaco Borba.(...) "


MR: O senhor foi exonerado do governo Carlos Hugo na Secretaria de Saúde porque enfrentou o Hospital Dr. Feitosa. Como se sentiu com essa decisão do ex-prefeito?
GS: Como eu afirmei na reunião da Câmara esse pode ter sido um dos motivos porque exatamente naquela época trabalhávamos no projeto do pronto atendimento municipal, da clinica da mulher e da casa de partos normais que até hoje não há definição quanto ao seu funcionamento. Evidente que o fato do Município realizar um serviço que o hospital já vinha realizando, que são os partos normais, causaria alguma contestação. E até hoje isso está em pendência com o Ministério da Saúde porque esses partos não acontecem. O Ministério da Saúde está cobrando e não sabemos onde terminará essa novela. Bem, o fato é que sempre fui positivo em relação às minhas ações. Eu era um agente político de confiança. No momento que te exoneram e não te apresentam motivos plausíveis, sendo que tudo ia bem, a gente fica realmente preocupado. E eu coloquei que poderia ter sido esse um dos motivos de ter me levado a exoneração, afinal estava se estabelecendo uma concorrência com o prestador hospitalar na questão dos partos normais. E eu ainda vejo que é a solução para muitos problemas, os partos humanizados.
MR: O senhor é do PMDB. O prefeito Eros Araujo também. Por que parece haver um distanciamento entre os dois?
GS: Eu creio que o prefeito Eros está fazendo o trabalho dele e eu procuro fazer o meu na Regional; somos companheiros do mesmo partido. Ele tem a equipe dele montada e eu acredito que todo o trabalho está sendo feito dentro de um planejamento que é liderado pelo prefeito. Digo também que estou a disposição dele para apoiar e assessorar a Secretaria de Saúde. E isso temos feito a todo tempo que estou na Regional e o companheiro Eros também tem feito como chefe do Executivo Municipal. Não existe nada que arranhe nossas relações, pois temos trabalhado junto sempre que há necessidade.
MR: Na Câmara também foi comentado que o futuro hospital regional não terá leitos de UTI.
GS: Realmente não teremos a princípio UTI, mas nada impede que futuramente venha a ser construído porque espaço existe e o hospital foi projetado em módulos para facilitar futuras instalações. No ante-projeto existia o hemonúcleo, 20 leitos de UTI e uma clínica para terapia renal substitutiva, a hemodiálise, mas houve um pedido da Casa Civil do Estado para enxugar um tanto o projeto, uma vez que o hospital regional de Ponta Grossa, com abrangência maior, está em fase de finalização.
MR: O senhor esteve em pauta nas últimas semanas devido ao problema do Hemepar. Existem novidades?
GS: Temos conversado exaustivamente sobre isso. Temos uns avanços, uma perspectiva da volta da coleta de sangue num espaço de seis meses a um ano e meio. Para isso, o projeto é a construção da sede própria. Vai para a Assembleia ainda esse ano um projeto para a sua construção, porém vai entrar no orçamento a verba para construir apenas em 2010. Caso contrário, por uma sugestão dos vereadores, no dia seguinte à reunião na Câmara conseguimos uma audiência com o prefeito, a fim de ocuparmos uma parte do prédio no térreo do SUS antigo, mas para que isso aconteça precisamos fazer adaptações, precisamos comprar material e verificar custo da mão de obra. Estamos trabalhando nesse final semana e na próxima semana. Quem está fazendo isso é o engenheiro da prefeitura que vai verificar quanto vamos necessitar e certamente faremos uma parceria com o Município, mas continuo afirmando que não faltará sangue para os hospitais abrangidos pela 21ª Regional de Saúde, principalmente em TB que é a cidade que mais utiliza devido ao Hospital Dr. Feitosa. Aliás, gostaria de fazer um agradecimento aos vereadores do apoio político. Foram pontuais conosco e eu só tenho a agradecer, tanto em nossa explicação no plenário como na audiência com o prefeito. Vontade política não falta e devido a essa vontade política, no quesito banco de sangue, a população terá um final feliz.
MR: Falando em política, o senhor tem a pretensão de se candidatar nas próximas eleições?
GS: Seria hipocrisia de alguém que participa da vida política partidária afastar qualquer hipótese de concorrer a um cargo eletivo. Ocorre que quando entramos num partido, nos entregamos de corpo e alma às decisões desse partido político, nos consideramos um soldado e não um comandante no PMDB, portanto se o partido nos convocar para uma participação política e que isso trará benefícios à comunidade, estou apto. Vontade a gente sempre tem, mas estamos subordinados às decisões superiores.
MR: O senhor já se viu prefeito de Telêmaco Borba ou ainda pretende ser?
GS: Eu só não me vi prefeito como me considero prefeito de direito de Telêmaco Borba numa eleição que aconteceu em 1982 e que eu fui candidato a prefeito, foi a última eleição que se concorria por sublegendas. Cada partido podia indicar até três candidatos a prefeito e naquele ano eu disputei pelo PMDB e tivemos o dissabor e o desprazer o resultado totalmente duvidoso de 11 votos de diferença apenas, na somatória dos três candidatos do PMDB com os três do PDS. Eu nunca atribui culpa ao prefeito diplomado e empossado, Dr. Tranquelino Guimarães Viana, mas para falar da “maracutaia” que aconteceu naquela eleição teríamos que ter uma entrevista totalmente especial para este caso. Nós tentamos recontagem dos votos, a anulação, provamos por a mais b que havia fraude, mas infelizmente o advogado que pegou a nossa causa perdeu o prazo de recurso do município para o TRE e perda de prazo é um erro gigante em direito. Não levamos adiante porque o nosso advogado perdeu o prazo de propósito. Ivo Bona era meu vive, sob o número 57 do PMDB, se fosse uma votação individual teríamos ganhado por 852 votos, foi uma participação maravilhosa e tenho muita saudade daquela época. Eu me considero um prefeito de fato.
MR: Então o senhor ainda quer ser prefeito de Telêmaco Borba?
GS: Não por cisma, não por teimosia, mas se existir a oportunidade e o partido entender que sim, tendo saúde pessoal destinada por deus, estamos a disposição para participação, tanto no âmbito municipal quanto estadual.
“Eu só não me vi prefeito como me considero prefeito de direito de Telêmaco Borba”.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Jornalista é quem tem diploma, pombas!

A designação jornalista é uma habilitação do curso de comunicação social. Ser jornalista é muito mais além do que saber escrever matérias e artigos para um jornal. Foi definido pelo STF, aliás, por Gilmar Mendes, amiguinho de Daniel Dantas (DIGA COM QUEM ANDAS QUE LHE DIREI QUEM ES), que não existe mais a obrigatoriedade do diploma para a função de jornalista, mas, em partes, isso é um ledo engano. O veículo de comunicação poderá sim ter qualquer cidadão comum ocupando o lugar de um profissional diplomado, porém este cidadão está longe de poder utilizar a profissão jornalista atribuída a sua pessoa, ao menos não na essência. Sem essência eu também sou advogado e quem sabe um médico: “passa gelol que passa”, ora bolas.

O jornalista formado e diplomado tem toda uma grade de aprendizado acumulada por quatro anos de estudos. Realiza pesquisas na teoria da comunicação, na história geral, na ética jornalística, na técnica e, principalmente no estilo jornalístico.

Além disso, é comum qualquer pessoa por aí que um dia escreveu uma matéria num jornal se autodenominar jornalista: outro ledo engano. O jornalista profissional tem capacitação não apenas para imprensa, mas para o rádio, para a televisão, para internet, assessorias de comunicação, ou seja, qual cidadão conseguirá fazer tudo isso que um jornalista pode fazer? Pode até conseguir, mas sem método, sem disciplina, sem conhecimento de linguagens apropriadas a cada uma é complicado.

Tudo bem, pelas frases defendidas acima, vemos também que o jornalista é deveras egocêntrico, claro que é, nunca vi um jornalista elogiando outro. Generalista? Talvez. E de onde veio esse egocentrismo? Parte do diploma alcançado com muito esforço, muito trabalho, muito conhecimento adquirido e praticado durante a academia de jornalismo e no mercado de trabalho.

A regulamentação pode não existir, mas o empresário de comunicação que contratar qualquer um para fazer o que a gente faz; com certeza sairá perdendo. Por isso não me preocupo, pois espero continuar atuando ao lado de pessoas inteligentes. A empresa que preferir o não formado ou o mal formado, não nos merece.

domingo, 14 de junho de 2009

Procissão de Corpus Christi novamente leva multidão de fiéis à rua


Ao contrário do que era previsto, Telêmaco Borba tinha céu azul e sol brilhando durante a celebração de Corpus Christi que levou nesta quinta-feira (11), uma multidão de fiéis a sair da igreja de Nossa Senhora de Fátima caminhando pelos tradicionais tapetes de serragem que simbolizam o dia santo.
A procissão seguiu pela Avenida Chanceler Horário Laffer e terminou com a benção de Padre Egídio Gardiner   no alto no Cruzeiro, no bairro BNH. Como sempre, muita emoção na data que comemora a presença de Jesus Cristo vivo junto do povo. Era possível notar vários católicos em oração, quase em processo de catarse enquanto rezavam e cantavam.
Após a celebração os voluntários responsáveis pelo feitio do tapete também fizeram o trabalho de limpeza das ruas que este ano tinha até roupas que serão destinadas a campanhas de inverno.


Celebração começou em 1264


A celebração foi instituída em 1264 pelo papa Papa Urbano IV, para reafirmar o sacramento da Eucaristia. “Era necessário mostrar publicamente a presença de Jesus”, afirmou o padre Joel Ribeiro Medeiros,ao Jornal de Londrina.
“A festa de Corpus Christi nasce sob dois aspectos interessantes. As pessoas estavam perdendo o hábito da comunhão e a Igreja queria mostrar que Cristo está presente no sacramento”, explicou. Segundo ele, a festa é celebrada sempre às quintas-feiras após a celebração da Santíssima Trindade na Igreja.
Medeiros disse ainda que a procissão realizada pelo católicos atualmente representa a devoção ao sacramento. “O sentido é de que somos um povo de Deus a caminho da eternidade, cujo alimento é a Eucaristia.” Na ocasião, os fiéis enfeitam as ruas com tapetes preparados com roupas, pó de serra, flores, entre outros. “O tapete simboliza a divindade de Cristo.”

Fátima Ribeiro, a única mulher da Câmara de Telêmaco Borba, no comando de nove homens


Ela prefere não utilizar o verbo comandar porque o considera forte demais, mas há que se ter força por ser a única mulher dos 10 vereadores e ainda assumir um papel de liderança. Fátima Ribeiro está no seu terceiro mandato e agora é a presidenta da Câmara Municipal. Sempre demonstrou uma posição de bater de frente com o que acha certo. Em novo papel, agora mais diplomática, conta à reportagem do CV o que mudou após assumir a presidência.
Márcio Rodrigo: Como é ocupar a cadeira maior do Legislativo?
Fátima Ribeiro: Para mim é natural, afinal eu vim trilhando meu caminho devagarzinho, com aprendizado, claro que é algo que a principio te assusta, logo assumir a presidência da Câmara veio de um processo normal, mas sabendo da responsabilidade, sabendo dos percalços, mas agindo de maneira tranqüila. Tenho um relacionamento muito bom com os vereadores e digo isso porque eu realmente tinha um receio, afinal eram sete novos. E eu estou gostando de ver porque estamos nos comunicando bem, nos relacionando bem, dentro de uma democracia muito grande. Ouvimos todos, desde a Mesa, os vereadores e até a assessoria.
MR: São sete vereadores novos, às vezes nota-se que a senhora perde a paciência. É difícil comandar nove homens?
FR: Não digo perder a paciência, mas por serem nove homens eu realmente não deixo a coisa correr quando um assunto qualquer se polemiza e que não tem muito a ver com a pauta. Se extrapolam eu já corto. Normalmente não dão trabalho.
MR: É difícil comandar nove homens, sendo mulher?
FR: Eu não diria o termo comandar, mas, na verdade, é muito bom o convívio. Em outras oportunidades eu já disse isso. São companheiros, me ajudam, mesmo os vereadores que não são da mesa colaboram, fazem todo o possível para o bom andamento da Câmara.
MR: A senhora considera uma conquista ser mulher e ainda presidir?
FR: É claro que um orgulho para nós mulheres, não meu. A mulher, às vezes, é deixada em segundo plano, mas quando você se doa a uma profissão e tem um idealismo o que interessa é a competência, o que interessa é o grau de receptividade que se tem com os companheiros. Num determinado momento, de eleição, por exemplo, você precisa disso. Vejo os companheiros de maneira muito amável e acredito que isso seja recíproco.



“Se o Executivo não chegar num acordo com a Klabin a Câmara parte para a desapropriação de terras. O prefeito tem carta branca”


MR: Na gestão passada a senhora sempre falava sobre estar na oposição, mas não fazer parte de uma oposição burra. Hoje em dia vemos a vereadora mais diplomática, mais ponderada. Até notamos um melhor relacionamento com o prefeito. O que mudou? Foi o prefeito Eros?
FR: O relacionamento com o Dr. Eros na gestão anterior era bom, o pessoal, mas tínhamos diferenças políticas. Como eu estou na condução da Câmara, adotei politicamente uma atitude neutra. Nesses dois anos deixei de lado meus projetos como vereadora, opção minha para trabalhar em prol do coletivo, tive dois ou três pronunciamentos e falta tempo também. Fiz uma opção consciente. E com Dr. Eros também ajo nesse sentido. Passo o pensamento da equipe, para que todos apareçam bem.
MR: Mas hoje a Fátima vereadora é da oposição ou da situação?
FR: Preferi ficar sem rótulos dessa vez. Já o tive durante 4 anos. Se o prefeito não lhe rotula, a assessoria lhe rotula. É muito difícil atingir seus objetivos assim. Na verdade eu nunca tive problema com essa questão, só tive rótulo, não sou situação nem oposição, mas se tivesse que definir seria mais situação, mas no sentido de acompanhar de perto para tirar o lado mais positivo daquilo, até para poder embasar uma ideia do que está acontecendo. Eu prefiro estar neutra. Não sou advogada, nem defensora do prefeito, muito embora eu tenha às vezes que explanar uma ideia e dizer minha posição, mas não gostaria de rótulo.
MR: Semana passada aconteceu o encontro da Uvepar. Nele foi lançado o Código de Ética do Vereador. O que ele trouxe de benefício para o meio político em Telêmaco Borba?
FR: Eu não vou negar, eu não li ainda o Código de Ética. Participei do lançamento, mas recebi hoje (11 de junho). Nós já temos nosso código pronto e quero ler com tempo e comparar. Sei pelo lançamento de alguns pontos que interferem até na vida pessoal do vereador. Na Uvepar em si, nós mulheres tivemos um encontro com a Gleisi, Dra. Zilda Arns e mais uma palestra; tivemos um proveito muito grande, a tarde o lançamento do Código, depois apenas os presidentes se reuniram no Tribunal de Contas onde fomos recebidos pelo presidente Hermas Brandão. Foi muito bom. Pudemos colher várias informações
MR: Em relação ao valor exorbitante que a Klabin cobrou da Prefeitura pelos lotes para o Minha Casa, Minha Vida. Como a Câmara se posiciona?
FR: Contra a Klabin e a favor do prefeito. Nós estamos formando um “frentão”. Se o Executivo não chegar num acordo com a Klabin a Câmara parte para a desapropriação de terras. Os preços estão variando entre R$ 30 a 290 mil, que variação é essa? Se não existir acordo, os 10 vereadores já decidiram: o prefeito tem nossa carta branca. Temos que partir para 10 alqueires porque dois é muito pouco.
MR: Afinal esse programa é de extrema importância ao município.
FR: Nós não podemos perder em hipótese nenhuma. Então partiremos, a priori, de uma desapropriação de dois alqueires para se construir apartamentos. Aí, é bom destacar, que há uma discordância, por ser uma população extremamente carente, de até três salários mínimos e a adaptação em apartamentos fica bastante complicada. Essa análise, inclusive, partiu do próprio vice-prefeito. Nosso objetivo é que se desaproprie mais para construir casas de fato.
MR: O vereador Gilson afirmou e depois voltou a trás quanto a existência de divisão de salários entre os assessores com seus vereadores. Como a Câmara tem agido nesse sentido?
FR: Nós conversamos com a Mesa Diretora, chamamos o vereador e ele negou, disse que o jornal se enganou. Partindo de sua negativa não temos como levar o assunto adiante, porém nós já tínhamos enviado o jornal ao Ministério Público que continuará investigando.

domingo, 7 de junho de 2009

Irmã Rosa Marthin: intelectualidade e religiosidade marcam a pessoa desta militante de 74 anos


Irmã Rosa Marthin é americana, nascida na pequena cidade de Tipton, no estado de Indiana. Desde pequena, sempre manifestou ideais de justiça e aos 18 anos entrou para a vida religiosa. Chegou ao Brasil em 1961 e em Telêmaco Borba desembarcou em 1973. Freira da Congregação de Santa Cruz, também é missionária. É formada em biologia pela Universidade de Notre Dame e realizou cursos de pedagogia e teologia na mesma instituição. Com 36 anos de Telêmaco Borba e 48 de Brasil, ainda traz consigo o carregado sotaque americano. É conhecida pela inteligência e pela forte militância nas causas sociais e, principalmente, ambientais, tanto que foi uma das principais personalidades contra a instalação da Usina Hidrelétrica de Mauá no Rio Tibagi. Além disso, é uma mulher atualizada com as novas tecnologias. Prova disso, é que quando telefonamos à ela para agendar uma entrevista, Irmã Rosa estava ocupada em uma conversa por meio do Skype. Ela afirma que o ser humano nunca deve estar abaixo da tecnologia e sim comandá-la. Em Telêmaco, é vice-presidenta do Centro de Promoção Humana. Também é membro da Frente de Proteção ao Rio Tibagi e do Território Caminhos do Tibagi. Dia 16 de maio foi aniversário da Irmã Rosa. A missionária completou 74 anos de idade.


Márcio Rodrigo: A senhora costuma lutar contra tudo e contra todos em defesa do que considera correto. Já sofreu ou tem medo de sofrer alguma represália por não temer expor sua opinião?


Irmã Rosa: Já passei por algumas situações perigosas na época da construção da Usina de Itaipu. Aqui também, no próprio assentamento Guanabara nós fomos cercados por jagunços com revólveres, mas nunca tive medo. Eu acho que quem assume o projeto de anunciar o bem e denunciar o mal tem uma posição de profeta. É para isso que nós fomos chamados. Isso que é democracia, isso que é cristianismo. Essa é a suma de nossa vida, de realmente anunciar e denunciar. Então podemos ser construtivos não apenas no sentido de derrubar alguma pessoa, mas suscitar uma reação para algo melhor, uma mudança, uma transformação daquilo que não é desejado por nós.


MR:A Usina Mauá parece que vai sair. Foram inúmeras as lutas e os alertas sobre o perigo de sua implantação, tanto no que diz respeito à preservação do Rio Tibagi quanto da preservação das terras da população ribeirinha e indígena. Por conta da decisão, a senhora se considera derrotada?


IR: Não, de nenhum jeito. Tem um processo sobre a demarcação das áreas indígenas e, no passado, já tivemos histórias trágicas com os nossos índios. Muitos, inclusive, morreram. Foram inúmeros os casos de áreas retiradas dos índios colocadas nas mãos de outros proprietários. Os índios, atualmente, estão em pé de guerra no Brasil, logo é um momento propício. Acredito que isso vai pesar. Temos também outro problema grande que é a questão da água do Rio Tibagi. Semana passada o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) até declarou que a água do Rio Tibagi estava imprópria para consumo humano devido ao excesso de metais pesados, vindos dos agrotóxicos, de demais serviços dos fazendeiros e das minas de carvão. Até hoje, foram realizados três exames nas águas do Tibagi na região de Londrina, Jataizinho e Lageado Bonito, em Ortigueira. A cada exame a situação fica mais alarmante. Se colocarmos um reservatório em cima dessa situação, imagina o que acontece com o rio e com os seus afluentes, nós perderemos toda nossa área. Eu acredito que o Governo é mais sensato. No momento o IAP não sabe o que fazer. Além disso, toda a parte legal não foi resolvida, a Assembleia Legislativa não votou, Ortigueira não votou e o IAP admitiu que está fadado a licença. Então eu acho que a justiça e a verdade vão prevalecer. Eu acredito ainda no Brasil, eu acredito no Paraná, eu acredito em nossas autoridades. Eu não acredito que todo mundo já se perdeu.


MR: É bastante comum os ambientalistas serem chamados de ecochatos. O que a senhora pensa sobre essa denominação?


IR: Olha, eu parto do principio que nós temos que declarar nosso amor pelas águas, por tudo que nós temos aqui e toda nossa mata atlântica. Quando nós manifestamos nosso amor, como assim fizemos quando o presidente Lula esteve aqui eu recebi um e-mail de volta do Planalto, agradecendo-nos por saber que existem pessoas que realmente acreditam no futuro do Brasil e estão dispostas a trabalhar com isso. Eu fiquei feliz. Quando nos chamam de ecochatos eu não ligo, porque precisamos salvar a nossa vida. A crise econômica é pesada, mas a ecológica é bem pior e eminente; e nós não temos mais tempo.


MR: E essa preocupação com o meio ambiente é quase inexistente, não é?


IR: Sim, é muito pequena, as pessoas não ligam, cada um quer viver sua vida, não estamos conectados. Nós não estamos nos tocando que dependemos do que a vida nos deu. Infelizmente nesse tempo de tecnologia nós estamos desconectados da matriz da vida.


MR: O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou médicos e parentes da menina de 9 anos que sofreu aborto devido ao estupro realizado pelo padrasto. Ele, recentemente, disse que não foi bem por aí, que apenas alertou sobre o que prevê o Código Canônico e que, ele mesmo, não realizou a excomunhão. A senhora, como religiosa, o que achou dessa exposição do caso na mídia?


IR: Foi muito triste, uma falta de compaixão. Em primeiro lugar, de tornarmos aquilo público, jamais nós temos esse direito. Jesus não fazia isso. Esse foi um pecado que se deve pedir perdão, não que o aborto seja certo, mas nós temos que tratar a vida com um pouquinho mais de delicadeza. Não concordo nem com a postura nem com a maneira que ele procedeu. O Estado e a própria igreja diz que naquela situação o aborto é permitido.


MR: Trabalhar em defesa das causas sociais lhe dá um amplo conhecimento dos maiores problemas do município e, de certa forma, até um mapeamento, mesmo que armazenado mentalmente, das pendências de Telêmaco Borba. Que conselho a senhora daria para o prefeito, vereadores e Poder Judiciário?


IR: A Campanha da Fraternidade deste ano é assim: A paz é fruto da justiça. Nós permitimos que pessoas grandes tenham mais chances, mais perdão e todo o resto. O caso das drogas é um exemplo. Prendem os pequenos que estão pendurados na droga, mas os chefes do narcotráfico não são perseguidos e controlados com o mesmo rigor. Eles estão enriquecendo. Se houvesse o mesmo esforço que se faz para prender os pequenos isso ia mudar. Não podemos culpar os pequenos pelas drogas, mas sim os grandes. Então, é atuar dentro de toda a questão do bem estar social, da paz e da justiça. Eu poderia usar outros exemplos também aqui em nossa cidade, mas no momento não considero ético falar, e todos sabemos do que estou falando. Hoje vemos a questão dos impostos e percebemos quem paga e quem não paga. É a desigualdade. Os grandes acabam levando a margem que, enfim, prejudicam o pobre.